Dermatite da Fralda

12.5.17


Em tempos falei-vos no desafio que tinha lançado à Enfermeira AB. (podem ver aqui).

Hoje, aqui está o primeiro post pela voz de quem sabe. Espero que gostem e que vos seja útil. Para mim fez a diferença :)

Olá. Venho falar vos de uma situação comum, que muito preocupa os pais e muito desconforto causa aos nossos bebés – A dermatite da fralda.

Trata-se de uma alteração cutânea, mais frequente na 1ª infância, concomitante com o uso da fralda. Frequentemente atinge as nádegas, coxas, parte inferior do abdómen, púbis, grandes lábios e escroto. Habitualmente as lesões evoluem, atingindo as áreas das pregas.

Tudo se inicia com uma pele vermelha, brilhante (o vulgarmente chamado de “rabinho assado”). Evolui para pele enrugada, muitas vezes pápulas eritematosas (manchinhas vermelhas e altas) associadas a edema (inchaço) e ligeira descamação. Existe possibilidade de formação de pequenas bolhas, por vezes esbranquiçadas ou avermelhadas e pruriginosas (que provocam comichão).

A partir do momento que a pele se encontra sensível, com “assadura”, há comprometimento da barreira cutânea, e nesse caso, vulnerabilidade para agentes microbianos oportunistas (ex: Cândida albicans). Nesta altura, já falamos de uma lesão fúngica que exige tratamento adequado com um antifúngico.




Vamos lá entender... Mas afinal…porquê acontece?!

A hiperhidratação causada pela humidade da área da fralda é responsável por maceração cutânea que leva posteriormente a alterações da epiderme. A fricção de pele-pele e de pele-fralda durante os movimentos diários da criança, embora não seja um factor dominante é no mínimo um factor de predisposição. A zona da fralda leva ainda a um aumento da temperatura corporal. Este aumento leva a vasodilatação e consequentemente a possibilidade de inflamação. Relativamente à urina e fezes… quando degradados, constituem agentes desencadeantes de maceração da pele, sendo que, quanto maior o tempo de exposição, maior será o risco e agressão. No caso particular das fezes, são referidas as enzimas digestivas proteolíticas e lipolíticas que, quando em contacto prolongado com a superfície cutânea, causam alterações importantes na barreira epidérmica.

O que fazer? O cuidado com a higiene da pele é o principal.

É importante manter a área perineal o mais seca possível, limitar a dispersão da urina e das fezes, reduzir ao máximo o tempo de contacto com a pele e sempre que possível evitar a irritação e maceração com agentes que, sabemos à partida, serem disso desencadeantes.



Posso vos indicar algumas sugestões preventivas:
  • Frequência da troca de fraldas – A fralda deve ser mudada, sempre que possível, após a criança defecar ou urinar. Em recém-nascidos a troca deve ser horária.
  • Higiene diária – Recorrendo a métodos simples, a higiene da área da fralda deverá ser realizada com água morna sem recorrer a sabonetes ou a fazê-lo, que seja com produtos o mais inócuos possível. Para quem gosta de produtos o mais “natura” possível, posso referir o linimento da Mustela como um excelente recurso. Todo ele na sua constituição de origem natural, com azeite virgem. Para além de limpar facilmente dada a consistência oleosa, confere proteção do períneo (graças à presença do ómega 6 e ómega 9 excelentes no processo de cicatrização e regeneração dos tecidos). Apesar dos toalhetes de limpeza serem práticos, e cada vez mais melhorados, devem ser guardados para utilização fora de casa.
  • Garantir que a pele após muda de fralda fica seca. Se necessário secar mesmo com uma compressa.
  • Aplicação de pasta protetora ou um emoliente após a muda de fralda. No caso de não existir vermelhidão deverá ser aplicada alternadamente, ou de duas em duas vezes. Sempre vigiando! As pastas são constituídas habitualmente por misturas de: óxido de zinco, amido, dióxido de titânio e por gorduras (ex: vaselina e parafina). Aderem bem à pele, têm boa capacidade de absorção e reduzem a maceração. De facto, aqui nomeio o creme zona da fralda 1,2,3 da Mustela. Muito pela sua forma melhorada com produtos de origem natural, sem conservantes e sem perfume, denotando-se uma ação muito completa que atua na prevenção da irritação, no tratamento rápido quando a pele já se encontra com vermelhidão e ainda, num efeito reparador prolongado, fazendo com que a reincidiva seja reduzida. O melhor, é que também está indicado para bebés com pele atópica.
  • Deve-se evitar preparações contendo ácido bórico e pó talco (pó de amido) - devem ser evitados pelos riscos de toxicidade e de desenvolvimento de granulomas.
Espero ter contribuído para reduzir futuros fenómenos de dermatite da fralda, aumentando os sorrisos dos nossos bebés.

Até breve … A vossa enfermeira
Ângela Baptista




Referências:
  • Mestrado de especialização em Saúde Infantil e pediatria pela Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.
  • Instrutora de Massagem Infantil pela Associação Portuguesa de Massagem Infantil.
  • Enfermeira em internamento de pediatria e experiência em urgência pediátrica.
  • Colaboração em redação de artigos para portais e outros meios de divulgação.
  • Enfermeira no âmbito da saúde escolar (Fazer Aprender Saúde)
  • Autora do projeto "B Á BÁ do Bebé" - Ajudar a crescer. Levar o apoio/suporte e aprendizagem sobre bebé no período pré e pós parto em domicílio e em clínica.
  • Formadora em cursos de parentalidade, workshops e formações na área da saúde da criança 





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