Coração Bom

30.9.20

 42 Dias depois do maior desafio da nossa vida.

Voltámos ao hospital onde o Tomás foi operado.

Voltámos para duas consultas importantes, eu confiante que tudo estaria bem e que ele podia começar a fazer a sua vida normal sem qualquer limitação e ele feliz por ir para junto dos seus "doutores" como chama.

Depois de umas boas horas de espera, fomos atendidos. Ecografia feita, observação na cicatriz, verificação do plano de medicação e ambos os médicos foram unânimes, o Tomás teve uma recuperação fantástica.

Está forte e com o seu coração bom!

Vai voltar a poder fazer exercício físico e vai reduzir a toma de medicação.

Saímos felizes e vitoriosos desta batalha que se atravessou no nosso caminho.

Voltamos em Janeiro para vigiar.

Obrigada a toda equipa que nos acompanhou e que lutou pelo bem estar do seu coração, hoje, são os responsáveis pela nossa felicidade.



 

Atrás das grades

28.9.20

Um ano letivo que começou a medo. Uma escola pública e um novo mundo por descobrir.

Tenho a sorte do Tomás ser das pessoas que conheço que mais aceita a mudança com tranquilidade. No seu primeiro dia, pouco dormiu e até dores de barriga teve, mas mesmo assim não perdeu o seu sorriso. 

Como todos os outros foi de lancheira na mão, sem qualquer referência, para dentro de uma escola que nunca lhe tinha visto as paredes.

Não sei o que é ser pequenino e ver-se de repente sem o aconchego dos pais, ver máscaras e desinfetante "ao molhos", não ver sorrisos mas olhares e não poder ter nenhum abraço para aconchegar.

Mas sei o que é ficar do lado das grandes a ver  a sua audácia em ir, de peito aberto e sem medos.

E se por um lado o seu sorriso em ir e voltar tranquiliza-me, a falta do contacto com a professora ainda me inquieta.

Tem sido o mais difícil para mim de gerir. Quando o vou buscar, sinto falta de saber mais, de ir um pouco mais além do que ele me conta. 

Sinto falta de ver as paredes da escola decoradas de desenhos, de sentir o cheiro da sala onde passa grande parte do seu tempo e de trocar olhares e palavras com a professora.

Tenho criado uma relação à distância por mail e temo estar a concorrer ao lugar da "mãe mais chata" do ano mas tenho necessidade de saber como estão as coisas a correr.

É um ano diferente, de uma grande exigência emocional para todos. É preciso confiar! Segurar a nossa ansiedade e deixa-los voar.

Eles precisam de sentir a tranquilidade nas nossas palavras e nós precisamos de os ver a serem simplesmente crianças.

E se antigamente, era só mais um dia. Agora cada dia é uma vitória de superação para todos.

E vocês, como têm gerido estes dias atrás das grades?






Mood Board do novo quarto

25.9.20

Já estou nos últimos preparativos para o novo quarto.

Eles estão super entusiasmados e eu ansiosa por ver finalmente a minha ideia concretizada.

O mais difícil em todo o processo foi escolher as cores, porque queria um quarto em que ambos se identificassem e por isso não podia predominar uma única cor.

No entanto por ser menina não quis excluir por completo o rosa e optei pelo rosa velho a contrastar com o cinza e verde.

Os móveis vão ser entre o branco e o pinho.

Por ter um quarto de brincar, optei que este fosse um quarto em que encontrassem tranquilidade, sem brinquedos, só com alguns livros.

Vai ter a presença de um papel de parede, que marcará bastante o quarto por isso optei por cores suaves e sem padrões fortes.

Ansiosa por vos mostrar toda esta mudança 😉

Tecidos: Nomalism Puxadores: Zara Home Carrinho de bonecas: Vertbaudet Pratelieras: Vertbaudet


20+1 Conselhos das crianças para os pais

24.9.20

"Papás, peço-vos que baixem um bocadinho o som da televisão ou que a desliguem mesmo. Aquilo que lá ouvem deixa-vos muito sérios e tristes. Não consigo perceber bem porquê e isso deixa-me um bocadinho preocupado. 

Eu e os outros meninos já voltámos à escolinha e vocês já não estão sempre comigo.

Há muitas coisas que estão diferentes e há muitas regras novas. Gostava de conseguir ver a cara da minha professora mas ela diz que tem de estar mascarada porque o carnaval chegou mais cedo. É muito engraçada ela.

Vocês andam com uma cara muito preocupada e ultimamente só falam do que se passa na escola.

Quero dizer-vos algumas coisas que são muito importantes para muitos papás como vocês e para crianças como eu. Perninhas à chinês e cabelos para trás das orelhas para me ouvirem bem:"

A escola

1. Já vos ouvi dizer que estão com medo que eu vá para a escola – É na escola que eu posso aprender, brincar, aprender a resolver os problemas, sentir que sou capaz, fazer amigos e descobrir que existem pessoas diferentes de mim – Façam-me sentir-me seguro naquele lugar, dizendo bem da escola à minha frente, lembrando-me das coisas boas que acontecem e que aprendo durante o dia;

2. Ajudem a minha professora a conhecer-me melhor, dando-lhe informações sobre as minhas características, interesses, dificuldades e quando tiverem alguma dúvida sobre mim ou sobre a escola perguntem-lhe;

3. Conversem comigo sobre as novas regras da escola e dos espaços públicos para que eu me possa sentir livre em segurança;

4. Tenho medo que se esqueçam de mim na escola, tranquilizem-me dizendo-me todos os dias a pessoa que me irá buscar à escola e em que momento do dia (a antecipação ajuda-me a sentir-me mais seguro);

5. Estive muito tempo sem vir à escola, já me esqueci de algumas coisas que sabia – Dêem-me tempo e ensinem-me novamente sem me fazerem sentir culpado por já não me lembrar;

6. Coloquem todos os dias na minha mochila muitos miminhos, palavras boas, sorrisos, tranquilidade, orgulho e confiança em mim!

7. Quais são as vossas intenções para mim este ano? Escolham com carinho e lembrem-se que eu tenho o meu tempo e o meu ritmo, não me comparem com os outros meninos.

Em casa

8. Nos últimos tempos, estivemos sempre juntos, tive mais a vossa atenção e brincamos muito, continuem a ter um tempinho no vosso dia para brincarmos e fazermos coisas em conjunto;

9. Para me sentir bem e poder viver o dia da melhor forma, preciso de uma rotina certa, principalmente nas horas de descanso. Preparem a minha mochila e roupa no dia anterior e acordem-me com carinho para que as manhãs sejam mais calmas;

10. Definam bem as regras (justas) e exijam-me que as cumpra: Digam-me claramente o que esperam de mim, o que é bom e o que não é bom para mim o que posso e o que não posso fazer – as regras têm de ser claras e coerentes para que as possa compreender e integrar e não tenham medo de me dizer que não – o mundo não será sempre da forma como eu gostaria que fosse;

11. Sejam o meu exemplo – aprendo por observação e por imitação e irei repetir aquilo que aprender com vocês;

12. Escutem com atenção o que eu vos digo – por palavras, por silêncios ou através do que eu faço – Pergunte-me como me sinto, o que gosto e não gosto – a minha opinião tem importância;

13. Conheçam as minhas características e as minhas necessidades para compreenderem melhor o meu comportamento - quando não me sentir compreendido por vocês vou fazer muitas birras;

14. Estejam atentos aos meus sinais - por vezes sinto-me estranho, impaciente, com dores de barriga e de cabeça, talvez tenha medo ou esteja preocupado - estejam atentos ao meu sono, alimentação, controlo dos esfíncteres, alterações de comportamento, comportamentos obsessivos, tiques, desinteresse. Se não passar, procurem alguém para me ajudar;

15. Ajudem-me a descobrir as emoções – falando sobre como se sentem - o que vos deixa tristes, zangados, calmos e identificando as minhas quando eu as estiver a sentir – só assim poderei depois descobri-las sozinho em mim e nos outros e saber o que fazer;

16. No tempo em que tive aulas em casa tive de aprender a ser mais autónomo – aproveitem e continuem a querer que eu faça algumas tarefas sozinho; 

Conhecer a cidade com olhos de turistas

21.9.20

A nossa cidade ao contrário de outros tempos está vazia. O trânsito está mais controlado, a falta de estacionamento também e a confusão típica deixou de existir.

O tempo não teve a nosso favor mas mesmo assim não desistimos da nossa ideia: conhecer a nossa cidade com olhos de turistas.

Ajudámos o comércio local e ao mesmo tempo conhecemos melhor a nossa cidade. Optámos por almoçar cedo pelo Príncipe Real e de seguida conhecer a cidade através de barco.

Foi um dia diferente, passado em família e muito divertido. Estavam radiantes!!

A Yellow Bus está com uma promoção até ao fim do mês muito boa, 20€ dois adultos e duas crianças dos quatro aos dez anos. Até aos dois as crianças não pagam.

Por vezes custa tão pouco fugir da rotina e mostrar a cidade com outros olhos.

Confesso que nunca tinha feito algo do género mas fiquei cheia de vontade de fazer outros programas assim pela nossa cidade.

Podem encontrar vários programas no site da Yellow Bus Tour.



A hora do banho

17.9.20

Confesso que já há muito que gostava de escrever este post mas como queria mostrar-vos o momento em si ainda não o tinha conseguido fazer.

Talvez por ser a minha terceira filha e por ter atingindo uma serenidade como mãe, permitiu que tivesse uma maior disponibilidade.

Hoje já existe um maior reboliço na hora dos banhos, do que nos primeiros meses mas não deixa de ser um momento entre mãe e filha maravilhoso.

Todas as noites recolhia ao quarto, dava-lhe banho e de seguida fazia a massagem Shantala que aprendi com a terapeuta especializada Magda Soares.

A Shantala é uma massagem bastante completa que estimula todos os músculos. Com um grande objetivo: relaxar e criar vinculo com o bebé. Não é uma simples massagem, é uma massagem que existe tempo e dedicação mas com resultados fantásticos.

E para os bebés que sofrem de cólicas também é muito útil porque alivia a barriguinha.

Para tornar a massagem mais eficaz uso e abuso do óleo de massagem da Mustela que é maravilhoso.

Após a massagem, já relaxada e a cheirar maravilhosamente bem, dava-lhe maminha e adormecia de seguida. Mantendo-se a dormir por umas boas longas horas.

Esta foi a minha técnica que resultou na perfeição duarante o seu primeiro ano.

Era o nosso momento. E que bom que era.

Hoje com a Maria Constança maior, mais irrequieta, mudamos de banheira, para uma maior mais adequada ao seu tamanho, dando-lhe uma maior proteção e evitando um desperdício exagerado de água. Ela adora porque tem espaço para as suas brincadeiras e para quem possa duvidar posso afirmar que os meus três filhos já tomaram banho juntos por diversas vezes. Não sei como cabem, mas eles acabam por se encaixar como peças de puzzle.

Esta banheira chama-se  Shnuggle Toodler e encontram no Espaço Mamãs.  É uma banheira que vai desde os doze meses até aos quatro anos e que é ideal para os "bebés" mais crescidos.

Confesso que as massagens já não são diárias porque a Constança não para um segundo e acaba por não usufruir da massagem em pleno mas sempre que posso uso a técnica mesmo que não cumpra o protocolo a 100%.

O momento do banho tranquiliza bastante e é o momento mais ansiado por mim.

Se nunca experimentaram esta técnica, experimentem porque vão ver resultados.

Boa noite








Amanhã começa a escola

16.9.20

É amanhã que chega o dia...

O dia em que eu vou ficar do lado do portão. Onde lhe vou dizer bem baixinho que "vai tudo correr bem", que "tenho orgulho nele, para confiar e nunca duvidar das suas capacidades".

Onde estarei a tremer por dentro mas firme por fora. Onde estarei a vê-lo ir, ainda sem conhecer quem o leva de mim, a olhar até perde-lo de vista.

Uma escola nova, que não conheço, que nem tão pouco saberei como é a sua sala. Que só conheço um rosto,  que foi visto por cinco minutos.

Aí Covid... não vais levar a vida da maioria, mas vais matar tantos corações...

Amanhã aquelas grades vão encher-se de mães, umas vão estar fortes outras fracas por dentro e a desviarem as lágrimas com sorrisos.

O meu primeiro filho, amanhã vai entrar na escola pública pelos seus próprios pés e vai construir o seu próprio caminho, naquela que (a correr bem) será dele por muitos anos.

Vai limar as arestas que ficaram por limar. Vai ganhar uma maior maturidade. Vai ser o ano que o preparará para o futuro. O ano em que vou precisar de ter uma equipa o mais forte possível.

Onde vou estar presente e atenta.

Onde terei a terapeuta do Tomás na linha da frente.

Uma professora que me inspirou confiança, com experiência, e que me disse que a trissomia 21 não era um problema.

Disse-lhe que o Tomás iria fazer-lhe a diferença na vida, expliquei-lhe onde estavam as suas limitações e onde era preciso estar atenta.

Conheci a directora que me fez acreditar que escolhi a escola certa, com os valores certos que queria para o meu filho.

Onde se rege por princípios como:

  • Não deixar que a curiosidade morra
  • Incutir uma boa relação com o meio envolvente
  • Pouco edifício e muito ar livre
  • Despertar o sentido crítico 
  • Fomentar a concorrência neles próprios e não nos outros
Que o amanhã será sempre melhor que o de ontem.

E por fim que brinquem muito pois é no brincar que crescem felizes e desenvolvem de forma equilibrada.

Estou confiante e certa na minha escolha mas com o coração nas mãos. 

Certa que amanhã ele levará o meu coração com ele.

Um abraço apertado a todas as mães que vão ficar do lado das grades.






De volta

14.9.20

Seis meses depois do dia em que entrei na escola bombardeada pelas notícias dos últimos acontecimentos, invadida de pensamentos e baralhada com o nosso futuro.

Em que me dirigi à sua sala e lhe trouxe tudo, com a certeza que não sabia como e em que circunstâncias voltaríamos.

Volta a vestir a sua bata e voltei a leva-lo de mãos dadas para a escola.

Mas com a certeza que pelo meio nunca fomos tão felizes, em que nos demos tanto um ao outro e que tivemos a maior oportunidade que a vida nos podia dar: Tempo! 

Olho para trás e recordo com nostalgia todos aqueles meses em que nos fechamos em casa, as nossas brincadeiras e o meu olhar com tempo para admirar as suas brincadeiras. 

Não esquecendo que foram tempos de adaptação, de resiliência e de um esforço acrescido para todos pois fomos obrigados a desempenhar o papel de professores aos nossos filhos, mesmo quando a nossa vocação não era essa.

Foi duro mas não mudaria uma virgula!

No fim de tudo, fomos felizes e isso é o que importa.

Hoje voltas-te a sair das minhas asas, o teu olhar apreensivo pelo desconhecido deixa-me inquieta. Mas tu precisas do teu tempo, e eu do meu. A nossa casa precisa de respirar. 

Precisamos todos de nos reorganizarmos e voltarmos às nossas rotinas.

Não tenhas medo, pois da forma que esperas por mim eu conto os minutos para te ir buscar.

Agora voa! Ri, brinca (muito) e sê feliz! Porque a mãe estará sempre de braços abertos para te receber.

O meu bebé grande.









"Eu fico em casa"

11.9.20

A opinião é unânime quem pode ficar com os filhos em casa até aos três anos deve ficar pois é o melhor para a criança. Evitam-se doenças e ganha-se em beijos de açúcar. 

Ao nível do desenvolvimento os primeiros trinta e seis meses não precisam muito além do aconchego da família e do embalo dos braços de uma avó ou mãe.

Estes meses são os mais importantes para que se formem crianças emocionalmente equilibradas e com a auto-estima necessária para abraçarem o mundo.

Não existe mimo a mais, nem tão pouco colo a mais. Cada criança é uma criança e há bebés que precisam mais que outras, é preciso apenas respeitar o seu ritmo.

A estimulação que precisam pode ser feita em casa e com o nosso dia a dia. Não precisam de muito mais para crescerem de forma saudável.

Felizmente tenho a sorte de ter a minha querida avó, que me criou a mim, ao Tomás, ao Francisco e que agora vai criar a Maria Constança.

79 anos cheios de um colo gigante, em que sobrou sempre espaço para mais um neto. A  minha querida avó.

Sãos os netos que lhe dão vida e que a ajudam a vencer a ausência, que o meu querido avô lhe deixou.

Segunda-feira assume o comando de criar mais uma neta. E eu não podia estar mais feliz por tê-la na minha vida. 

A pessoa que apesar da idade confio de olhos fechados, com uma energia inesgotável, que me ampara nas quedas e quando os meus dias fogem fora do controlo.

A que dá comer como ninguém e a que ensina na perfeição a pontualidade britânica.

A minha querida avó!


E por curiosidade este carrinho de bonecas é da Vertbaudet e foi onde me inspirei neste nosso regresso às aulas. 



 

Casa Feliz

10.9.20

Não estava à espera de ser convidada para ir a uma casa tão acarinhada por todos, a casa Feliz! Quando recebi o telefonema, aceitei de imediato. É importante falar da vida tal como ela é...nunca sabemos quem está do outro lado a ouvir.

Pode ser indiferente para muitos mas pode fazer a diferença para alguém e só por isso já valerá a pena.

Desde a sua operação ainda não tinha parado para pensar em tudo o que nos tinha acontecido. Tem sido um turbilhão de emoções desde então e quando hoje dei por mim estava na Televisão em frente à Diana Chaves e ao João Baião a falar sobre um dos momentos mais duros da nossa vida.

Acabei por me emocionar, foi quase como se tivesse descarregado toda a adrenalina vivida nas últimas semanas. 

Agora tudo começa a tomar o seu rumo. Começamos a respirar de alivio e a cicatriz não passa de uma cicatriz que conta uma história.

Hoje o Tomás aceita-a, recuperou a sua auto estima e voltou a ter o brilho nos olhos e isso para nós é o mais importante.

O palco foi dele e eu faço questão que assim seja. Quero que seja ele a desbravar o seu caminho, a mostrar o seu talento e a sua voz própria.

Eu estarei na retaguarda (sempre) até o dia em que não precisarei mais de estar. Ele merece! 

Porque a normalidade existe dentro de cada um apenas é preciso acreditar.

Obrigada Sic pela oportunidade. Obrigada Diana e João pelo vosso carinho.

Podem ver toda a entrevista aqui. 

Gostaram?


Look Mum | Xicalarica
Look Tomás 
Túnica | Alecrim
Calções | Zara
Sapatilhas |
Pés de Cereja 



Organizar o Regresso às aulas

9.9.20

Oficialmente entramos em contagem decrescente para o regresso às aulas.

O Francisquinho começa já na próxima Segunda, o Tomás na Quinta.

Tem sido uma semana de organização, de preparar os materiais, de preparar um quarto (de brincar) que ainda não será de estudo, mas que os receberá sempre que chegarem da escola.

O material e as roupas começam a ser etiquetadas. A mochila está escolhida e a bolsa para os seus snacks também.

Optei uma vez mais pela Stikets pela sua diversidade de pack's e pela liberdade que nos dá em personalizar o material de acordo com os nossos gostos.

No site podem encontrar tudo para um regresso às aulas organizado.

Tracei um objetivo alto para este ano lectivo, diminuir o tempo de écrans aos meus filhos. Estes últimos meses foram passados (muito tempo) a ver televisão ou nos tablets. Confesso que é algo que me inquieta pois não consigo ver nenhuma mais valia no seu uso.  Não gosto e faz-me confusão, confesso. Mas com uma mãe a trabalhar fora de casa, um pai a trabalhar em casa, não se consegue milagres e os écrans continuam a ser das soluções perfeitas para os manter quietos.

Por isso decidi que o seu uso vai ser moderado a uma hora por dia. Que o jantar anteciparia uma hora e que antes do deitar teríamos um momento de brincadeiras livres ou de actividades em família.

Não sei se resultará, vai pedir um esforço acrescido da minha parte, mais tempo, mas não quero deixar de experimentar. Se correr bem fantástico, caso contrário não passou de uma experiência.

E com vocês tudo a postos?











A operação do Tomás pelos olhos do Pai

8.9.20

Não sou de escrever muito, gosto pouco de aparecer, mas tenho plena consciência que é importante dar vozes aos pais. O papel de uma mãe é verdadeiramente importante mas o pai também sente e chora, mesmo que isso não seja mostrado com tanta facilidade.

Nunca mais esquecerei o telefonema: "Ligaram-me do Hospital, e é para o Tomás ser operado amanhã".

Desde esse telefonema até à sua saída foi uma sensação indescritível e que pouco se consegue dimensionar de tão forte que foi.

Confesso que passado duas semanas ainda não sei como me senti. Nunca me tinha sentido daquela forma, naquele momento perdi tudo pois tudo deixou de fazer sentido.

Tive quinze minutos para processar a notícia e quando tomei a realidade chorei, chorei e muito. Não sabia o que sentir, se felicidade por o Tomás ir resolver o seu problema de saúde ou medo por ter o meu filho em risco de vida.

Quando me disseram por diversas vezes "vai tudo correr bem" eu só conseguia responder, que não tinha como correr. Não aguentaria se algo corresse mal por isso não tinha outra forma de acontecer.

O dia da operação chegou e eu não desejo a ninguém pelo que passei, à distância, passei quatro horas a chorar compulsivamente e com um nó na garganta que me cortou a respiração vezes sem conta. Nunca me tinha sentido desta forma.

A possibilidade de perder um filho é das piores sensações que se possa ter e eu admito, não soube lidar com esta fragilidade da minha/nossa vida.

A primeira vez que não me consegui controlar e lidar com o que se estava à passar. Por natureza sou uma pessoa calma e com uma grande capacidade de ver a luz ao fundo do túnel quando o mundo desaba. Mas nada nem ninguém me preparou para esta dor. 

Depois de muito choro e de uma grande inquietude com o meu "eu", recebi o tão esperado telefonema "correu tudo bem e o problema ficou resolvido".

Incrível como de um momento para o outro podemos passar do pior estado para o melhor numa fracção de segundos. É arrepiante!

Felizmente o Tomás está bem e a recuperar. Não foram dias fáceis. Para mim foi particularmente difícil gerir tudo à distância pois cada telefonema que recebia era um sufoco para mim.

Não foi só o Tomás que ficou com uma cicatriz, mas toda a nossa família. Jamais esqueceremos esta semana.

Neste momento a minha preocupação é que o Tomás não encare a sua cicatriz como algo mau mas sim que perceba que ela conta uma história alegre da sua vida pois o seu problema resolveu-se e vai ajuda-lo a crescer ainda mais feliz e saudável.

A história da cicatriz é uma história com um final feliz. O T é um verdadeiro guerreiro, a pessoa mais forte que eu conheço e tenho uma admiração enorme pela sua capacidade em ultrapassar as adversidades da vida. Ele conseguiu ultrapassar esta fase menos boa sempre com um sorriso na cara, “pai já não dói, não” “eu estou muito bem” são palavras que me diz todos os dias. E creio que ele não tem noção do quanto essas palavras significam para mim. 

Agora vai filho, tens a tua vida toda pela a frente e não tentes ser igual às outras crianças porque não vale a pena.. não és igual.. tu és especial.. tu nasceste para fazer a diferença! És o meu super herói, agora voa porque tens a vida pela a frente.

Um abraço meu filho.




A três

7.9.20

Se não tivéssemos passado pela operação esta seria a nossa semana de férias. Nunca tiramos férias em Setembro e quando tiramos aconteceu uma operação inesperada. 

O Tomás não pode nesta fase ir à praia e piscina por isso para mim não fazia qualquer sentido ele ir para ficar sentado à sombra e ver as oportunidades a passarem-lhe à frente. Não seria bom para ele, nem para o Francisquinho pois não iria compreender porque é que o irmão não o podia acompanhar nas brincadeiras.

Ficámos nós, foi o Francisquinho com os meus pais. Certamente que se irá despedir do Verão da melhor forma possível.

Foi todo contente mas sempre com o irmão no pensamento, já o Tomás chorou porque também queria ir para o Algarve.

Todos os dias falam ao telemóvel e assim que falo com o Francisquiho, a primeira pergunta é "O Tomás?".

Aproveitei o fim-de-semana que só tinha dois filhos para reorganizar a casa, abastecer o frigorífico e arrumar o quarto de brinquedos, que começava a estar caótica, para o tão esperado "regresso às aulas".

Pelo meio passeamos, aproveitámos a nossa casa e brincámos muito.

O pai também não estava por isso foram dois dias a três e não podia ter sido melhor. Por momentos achei que podia não conseguir fazer tudo mas tanto o Tomás e a Maria Constança fizeram grandes sestas o que ajudou bastante.

Confesso que já tinha saudades de viver um pouco a nossa casa. Por vezes também é preciso parar e ganhar fôlego dentro das nossas paredes.


Fofo | Wedoble




Tempo a quatro

2.9.20

 Antes do Francisco já existia uma família de três e antes da Maria Constança uma família de quatro.

E se dar um irmão aos nossos filhos é a nossa maior herança também é um grande desafio. É saber de antemão que o nosso tempo será dividido por dois, três ou quatro.

Que o nosso orçamento será dividido por todos. E que hoje posso dar a um e amanhã a outro.

Que vamos ter de falar várias linguagens, que cada filho vai exigir o seu tempo e que cada necessidade é uma necessidade. 

E embora as linhas orientadoras da nossa educação sejam iguais, temos que adaptar a nossa forma estar a cada um pois cada um ouve e sente à sua maneira. É impossível ter-mos um único discurso, há que adaptar à sua idade, sensibilidade e maturidade.

Embora vivamos muito a cinco, e procure fazer programas juntos. Tenho noção que antes de uma Maria Constança já existia um Tomás e um Francisco. E tal como a irmã eles precisam de me sentir a 100%.

Um bebé exige muito de nós e é impossível por vezes conseguir estar totalmente disponível para os irmãos mais velhos. Nem sempre existe paciência depois de uma noite em branco ou tempo a sós pois existe sempre uma fralda ou uma maminha para dar.

E foi por isso que decidimos em família ter um fim-de-semana a quatro, em que lhe pudesse dar toda a atenção, que pudesse entrar nas suas brincadeiras e sonhar com eles. 

Demos longas caminhadas pela areia, falamos de tudo e de nada. Brincámos muito e como mãe foi muito bom estar assim com eles.

Acampar foi o programa perfeito e ainda hoje falam da nossa casa que estava em cima do carro. Foi das coisas mais giras que fiz com eles. Podem ver tudo aqui.

Ser mãe é mesmo isto. É dançar com eles ao ritmo deles. 

Cabe a nós sentir as suas necessidades para que ele possam sentir-se parte integrante na família e não apenas mais um elemento.

E é na nossa individualidade que crescemos em família de uma forma muito forte.





O verdadeiro herói

1.9.20

 A primeira consulta depois da grande operação foi hoje, e não podíamos estar mais satisfeitos! Cicatriz quase cicatrizada. Já sem pontos. Coração bom e a saturação a normalizar.

Catorze dias depois do dia mais difícil da nossa vida, começamos a suspirar de alívio. No entanto esta semana que voltei ao trabalho tenho andado mais angustiada. Sentir que foi naquele meu lugar que as pernas me falharam com os nervos. É um reviver constante de tudo o que tivemos que passar sem pensar.

Fomos "engolidos aos lobos" e tivemos de nos apoiar mais que nunca para que não fossemos engolidos pela dor.

Correu tudo bem e estou muito grata por isso. No entanto ainda não consegui apagar da memória o que passei naqueles corredores, e aquelas mães que ali ficaram, muitas delas com diagnósticos incertos. Não sei se alguma vez mais me cruzarei com elas, mas não existe um dia em que não pense nelas, quero muito que vençam e que sejam felizes!

Foi das experiências mais duras que passei e que gostava verdadeiramente que mais ninguém passasse. Ninguém merece!

As crianças querem-se a saltar, a correr e a rir às gargalhadas, não atrás de monitores que apitam e deitadas em camas.

O T tem-me mostrado da forma mais crua o verdadeiro significado da palavra resiliência. Após uma operação, em que lhe abriram o peito, ele tem-se mostrado forte! Tolerante à dor e com poucas queixas, mesmo quando a sua expressão mostra o contrário. Não aceita não ser capaz em fazer algo e continua, corre, mesmo quando as forças lhe faltam. Aos poucos começa a exibir a sua cicatriz com orgulho.E todos os dias acorda e se deita com um sorriso na cara. E em momento algum questionou o que lhe tinha acontecido.

Não quer ajudas e até já voltou a vestir-se sozinho. Ainda mais meiguinho e com o seu brilho no olhar que chega a ofuscar de tão brilhante que é.

Embora (ainda) "fraquinho" nunca teve tão forte!

Tenho um orgulho imenso neste meu Tomás. É uma caixinha de surpresas mas das boas.

Um exemplo de vida e de uma felicidade forte!

É este o meu filho, o meu verdadeiro herói.