A exigência de um ensino que vai para além do razoável

5.3.20
Incrível como se tira a sesta de uma criança por ânimo leve, porque simplesmente lá em cima numa secretária se pensa que as crianças com cinco anos têm maturidade suficiente para aguentar oito horas de "trabalho" numa escola.

A pressão de uma sociedade que os obriga a serem adultos e não crianças, que os levam a viver dentro de "obrigações" e de uma carga horária com inúmeras atividades para que no final do dia possamos dizer que os nossos filhos são hiper, mega estimulados e de preferência os melhores alunos.

Esquecemo-nos que somos nós, pais, educadores e esta pressão social dos tempos modernos que lhes roubamos a infância.

Não sei que custos teremos no futuro, se o caminho é este ou não mas confesso que esta exigência e pressão que metemos aos nossos filhos, ainda pequeninos, tenha um preço muito alto a pagar.

Uma criança não é nenhum "mini adulto", é um ser pequenino em constante formação pessoal e emocional, livre de espírito e sem responsabilidades e é preciso respeitar o seu tempo.

Aqui não existe a mãe certa ou errada, existe a mãe formatada para a sociedade que está inserida e se foge à linha dita normal é vista como inconsequente.

Ainda ontem uma psicóloga de desenvolvimento cerebral me dizia que era uma atrocidade retirar as sestas tão prematuramente só para que estejam em recreio. Além de ainda terem o cérebro em desenvolvimento, aquela sesta é tão mais importante que qualquer atividade lúdica pois é nas sestas da tarde que as crianças solidificam grande parte dos seus conhecimentos.

A (falta) de paciência perde-se naquelas horas e a incompreensão e a frustração assumem o comando, ainda para mais porque somos dos países que temos as crianças mais tempo na escola.

O T deixou a sesta e tem sido duro para ele, o cansaço é demasiado, principalmente para uma criança que tem uma carga de trabalho exigente como a dele. A sesta no caso dele não é um capricho mas algo super importante no seu desenvolvimento.

A falta dela faz-nos estar em Março, ainda em constantes alterações entre o horário da escola e o das terapias. Um verdadeiro desafio, um autêntico "tetris" da vida.

Vamos uma vez mais reformular o seu horário em prol do seu bem estar, e o próximo passo é voltar à sesta mesmo contrariando as ordens do ministério da educação, que tantas vezes parece saber tudo menos de crianças.

Isto para não falar da exigência de um primeiro ciclo que vai para além do razoável....





4 comentários:

  1. Concordo absolutamente! Temos de deixar de pensar nas crianças como se fossem já adultos em preparação para um exame final elaborado. Peca-se pelo exagero: ou se proteje demais e vivemos com receio de tudo ou simplesmente injectamos com conhecimento e actividades. Esquecemo-nos do que é primário; dormir, brincar, intaragir tão ou mais importante do que esta competição estúpida em tão tenra idade.

    ResponderEliminar
  2. Depende das crianças, a minha que tem 5 anos e nos 4 já não fez sesta não sente falta. Ela adora dormir mas de noite. É verdade que à noite está mais cansada mas compete-nos a nós despachá-los para irem dormir o mais cedo possível. E a minha é daquelas que infelizmente passa muitas horas no colégio

    ResponderEliminar
  3. Mama.. Li o seu post.. E vejo que diz ordens do ministério.. Não deixe que lhe digam isso.. Neste momento em Portugal as ordens do ministério são para que se proceda à sesta das crianças se necessário e se a escola reunir condições. Portanto aqui só a escola onde o Tomás anda tem responsabilidade sobre isso.. Lute.. Sou educadora no pré escolar publico.. E onde estou as crianças que assim desejam dormem a sesta ��

    ResponderEliminar