Viver com o preconceito

20.2.20
O preconceito consegue ser a palavra mais dura para uma mãe pois vivemos atormentadas por ela.

Talvez pela consciência do que está por detrás de um olhar indiscreto ou de um comentário menos feliz.

Algo simples e até sem razão de ofender mas que nos magoa da forma mais cruel que existe.

Como mãe de uma criança estereotipada aprendi que o preconceito começa e acaba em nós. Somos nós que temos de enfrentar o "problema" que é tudo menos "problema", cabe a nós erguer a cabeça e olhar em frente de "peito inchado" tal como as galinhas o fazem.

Pode ser uma proteção ou até uma forma de viver mas é a forma que encontrei para me proteger do preconceito e de viver feliz.

Não perco tempo a olhar para as pessoas com medo do que podem dizer ou pensar. Simplesmente quero que vejam uma mãe normal com o seu filho porque é isso que sinto que sou.

Quero que vejam normalidade quando vêm a minha família. Sendo que vai-se lá saber o que é ser "normal".

Não podemos depositar nos outros a responsabilidade de os tratarem de forma normal, essa é a nossa responsabilidade. O ser humano vive da imitação, reproduz comportamentos e alinha valores. É aqui que se encontra o segredo.

Não podemos exigir a quem nos rodeia que os tratem de forma igual quando nós somos os primeiros a não fazê-lo por medo ou por zelo.

Talvez tenha sido esse o nosso segredo, a partir do momento, que aceitamos e que choramos tudo o que tínhamos de chorar, não olhamos mais para trás. Era esta a nossa realidade por isso o caminho era em frente e sem rodeios.

Este é o nosso filho! O seu nome é Tomas. Tudo o resto são pormenores.

Jamais a sua trissomia veio antes do seu nome, não quero e nunca irei permitir isso, pelo menos enquanto for viva. Não quero que seja sequer assunto pois tenho consciência que se der ênfase à sua trissomia e às suas dificuldades, elas ganham.

No nosso círculo de amigos, familiares e escola, não vejo diferenças. Todas crianças brincam, todas fazem as suas birras, todas comem as suas gomas. Nunca senti que o meu filho fosse mais ou menos que outra criança.

As crianças não vêm diferenças, talvez pela sua sensibilidade, percebam que em algumas coisas o T pode ter uma maior dificuldade mas isso não chega a ter importância necessária para o tratarem de forma diferente.

Em tempos numa conversa com amigos, diziam-me, que era incrível a nossa forma de estar, que tínhamos conseguido que eles não vissem para além de uma criança e nesse dia percebi que tudo depende da nossa atitude.

Por isso mães aceitem, olhem em frente e não tenham medo dos outros. É a nossa forma de estar que vai definir a forma como os outros olham e agem connosco. Não se preocupem com os ignorantes porque esses haverão sempre...

Um beijinho apertado para todas as mães que passam pelo preconceito.





















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