Ter um filho prematuro

17.11.17


Hoje é um dia delicado para muitas mães, o dia da Prematuridade.

Mesmo nunca tenha passado por esta situação, acredito que seja um momento sufocante para o casal, ver o filho tão pequenino, indefeso, dentro de uma incubadora ligado tubos. Deve ser algo de cortar a respiração.

Acho que nunca estamos preparados...

Mas depois a maioria cresce de forma saudável e cheios de força dando-nos verdadeiras lições de vida.

Decidi conversar com uma mãe que teve um filho prematuro e assim ajudar futuras mães que passem pelo mesmo.

Um beijinho de coração a todos os pais que enfrentaram esta batalha.


Quantas semanas tinha o Xavier quando quando nasceu?
35 Semanas

Como correu a gravidez?
Ás 22 semanas foi diagnosticado o colo do útero pequeno com indicações de repouso por forma a evitar um nascimento muito precoce. Mais tarde às 31 semanas, numa ida ao hospital para despiste de um sintoma estranho e após medida a tensão, verificou-se que a máxima estava nos 17, e fui internada de imediato, num cenário de hipertensão (pré-eclampsia), monitorizada ao minuto e medicada não só para controlar o cenário de pré-eclampsia, mas também para delongar o nascimento do Xavier. A tensão era medida de hora a hora, e ainda que não tivesse sintomas de pre-eclampsia, a verdade é que em cada medição a tensão não descia dos 18, 17. Mal ouvi a máquina da tensão o meu coração disparava, rezando para estar controlada.
Acabei por ganhar aversão à máquina e não podia ouvir o som da mesma no corredor, que o meu coração quase que explodia de aflição por tanto querer que os valores estivessem dentro da normalidade. Este cenário clinico obrigou a um repouso absoluto durante 4 semanas

Alguma vez lhe passou pela cabeça que tivesse um filho prematuro?
Não

Como é que se lida com o sentimento de saber que chegou a hora do seu filho mas que não é a melhor?
Não se lida, aprende-se a lidar, um receio tremendo de falhar e não ser capaz de cuidar de um ser tão frágil e especial, e ao mesmo tempo uma força inexplicável advinda daquele que nos deu a maior lição das nossas vidas.

O que sentiu quando viu o seu filho quando viu pela primeira vez?
Um amor inexplicável, um sentimento tão forte, tão sólido, tão único.

Quais foram as preocupações iniciais?
Saber se estava efectivamente tudo bem como ele, por ser prematuro, se os órgão se haviam desenvolvido de uma forma que lhe permitisse uma via saudável.

Quais os sentimentos perante um bebé tão pequenino?
Receio de não ser capaz de cuidar devidamente.

Alguma vez temeu pela vida do seu filho?
Temer não será a palavra mais adequada, porque sabia da força que tinha, mas receio de ter alguma sequela face à sua prematuridade, foi dolorosa.


Onde foi procurar informações?
Procurámos muito apoio junto dos enfermeiros e médicos que nos acompanhavam e em muitos grupos de pais de prematuros

Como é que a família e amigos lidaram com a situação?
Muito ansiosos, por estar com o neto, sobrinho. Primeiro neto paterno, razão óbvia para querem estar com ele a todos os minutos.

Como é que geriu as visitas visto que não é aconselhado nos seus primeiros meses de vida?
Restringimos ao máximo, mesmo quando colocavam em causa as nossas decisões e apelavam ao lado emocional. Felizmente tivemos o discernimento de não ceder e fomos fiéis às indicações médicas.

Quais os cuidados que teve inicialmente?
Mantê-lo num ambiente mais preservado e controlado possível. Cautela a redobrar com as esterilizações, cuidados redobrados para não adoecer porque poderia colocar em causa a sua continuação em casa

Sentiu-se desamparada?
Sim, principalmente quando as pessoas de quem esperávamos mais apoio, questionavam diariamente as nossas decisões e colocavam em causa as competências dos médicos que nos acompanhavam.

Teve necessidade de pedir ajuda?
Não, uma vez que fomos muito bem acompanhados nas consultas de neonatologia, pelos enfermeiros, pela pediatra do desenvolvimento numa primeira fase, exceptuando a falta de informação referente à anemia da prematuridade, e prescrição de suplementação adequada.

Atualmente tem algum cuidado em especial com o seufilho?
Sim. Devido ao défice de ferro e a um estrabismo divergente identificado com 13 meses.

Quer mias filhos?
Sim

Tem medo de voltar a ter outro filho prematuro?
Não

Defina numa palavra o que é ser mãe de um prematuro?
Difícil dizê-lo numa palavra, contudo Lutadora

Que conselhos daria a futuras mães?
Se sentirem algum tipo de pressão ou acusações relativamente à forma como estão a gerir os primeiros tempos do bebé, (principalmente se for o primeiro bebé prematuro da família) façam a vossa família/amigos pesquisar sobre a situação e compreender as vossas razões, contudo cada caso é um caso e as indicações médicas nem sempre são similares e nem todos os pais reagem da mesma forma. Aproveitem esses momentos para fortalecer os vossos laços enquanto nova família.







2 comentários:

  1. Olá Andreia, a minha gravidez (à 17 anos atrás) foi um pouco parecida como a desta mãe, por volta das 28/29 semanas comecei a a acordar com a cara toda inchada mal abria os olhos por estarem inchados, foi ao médico e foi diagnosticado que estava com (pré-eclampsia), mas no meu caso não fiquei logo internada, mas em casa de repouso absoluto e medicação. Passado um mês o cenário era o mesmo, mas com mais uma agravante a minha placenta tinha envelhecido, e não estava a alimentar a minha filha. Às 34 semanas tiveram de provocar o parto, pois a minha filha não aumentava de peso e previam que tivesse 1.500 Kgs. Os médicos explicaram-me o porque de irem fazer o parto de imediato que seria muito melhor para a menina, pois ela cá fora alimentavas-se melhor. A Mariana nasceu com 1,660 Kgs e com uma vitalidade normalíssima (recordo-me como se fosse hoje assim que me cortaram para a cesariana ela ainda dentro de mim começou logo a chorar), nunca necessitou de ir para a incubadora, tinha todos os órgãos a funcionar normalmente, só tinha de ter cuidados redobrados. Estar num ambiente acolhedor e poucas ou nenhumas visitas. Tive a sorte de todos os meus familiares e amigos serem compreensivos e respeitarem. Ela nasceu no dia 15 de Março e no dia 19 de Março viemos as duas para casa ela tinha 1,600 Kgs. Hoje quase com 17 anos está quase da minha altura e sempre foi saudável.
    Um grande beijinho para todas as mães de bebés prematuros :)
    Grande beijo para todos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Lembro-me como se fosse da tua história :) A querida Mariana é uma lutadora e uma giraça!! Parabéns a vocês
      Grande beijinho

      Eliminar