Exaustão Mental

17.12.20

 Ontem vi no Instagram da Pediatra Joana Martins, um post sobre exaustão mental e de facto acho que nunca tinha visto uma explicação tão bem dita como a que li. Algo que tantas mulheres falam mas que poucas pessoas compreendem.

Começa muitas vezes pela falta de noção dos nossos maridos e com isto não é dizer mal deles, muitos deles ajudam muito, eu própria tenho a "sorte" de ter um marido que está sempre pronto para mudar fraldas, dar banhos, dar comer e até fazer as tarefas domésticas.

Mas o problema aqui é que este começa em nós, porque é que nós lhes pedimos ajuda? Porque é que é algo que não acontece de livre vontade? Porque é que a palavra ajuda existe dentro de uma casa, se o trabalho devia ser dos dois sem medidas e sem pedidos de ajuda?!?

Porque é que não é a mulher a ajudar? Acredito que isto não é de agora mas de uma sociedade que sempre obrigou a mulher a assumir o comando da sua casa, mas também muito pela nossa forma de ser, por sabermos que nós fazemos melhor e isto é tal como uma bola de neve. É um embrulho gigante e que tantas vezes nos leva à exaustão.

Acredito que os nossos maridos, não o façam por mal, mas o que é certo é que eles não conseguem sequer dimensionar o que está por de trás de uma casa. Não é só o trabalho físico que implica, que este pode ser mais ou menos dependente das ajudas extras que temos.

Falo do pensar, de saber todas as responsabilidades dos nossos filhos, de saber o que falta na despensa, de saber os dias que é necessário levarem fato de treino para a escola, de pensar o que é o almoço e o jantar, de saber que há a amiguinha faz anos e que é necessário comprar o tal presente. 

E isto perdoem-me, os homens, mas poucos são os que assumem o comando. É o pensar em tudo. É a subcarrega que temos em cima de nós que muitas vezes nos levam à exaustão mental.

É a responsabilidade de uma família inteira nas costas em que não temos margem de erro para falhar e quando esse erro aparece somos invadidas por um sentimento de culpa que nos atormenta ainda mais.

Somos obrigadas a pensar em tudo e em estar em todas as frentes. E mesmo quando os nossos maridos "ajudam" é porque já pensamos por eles e é disto que falo pois embora nos alivem o trabalho, a carga mental continua.

O pensar não nos mata, mas leva muito de nós. 

O meu marido diz em jeito de brincadeira, que o meu cérebro ficou no bloco de partos e eu dou-lhe razão, ficou, e nunca mais o recuperei. Hoje esqueço-me de tudo e sou das que tem de apontar tudo para garantir que não me esqueço, pois o meu cérebro está sempre a pensar e processar informações, de tal forma que por mais vitaminas que hajam este não aguenta.

E quando nos perguntam o que precisamos, uma vez mais estão a demitir-se das suas responsabilidades, pois para nós termos uma resposta, já tivemos que pensar previamente em tudo o que nos faz falta.

A simples pergunta como "o que vamos fazer este fim-de-semana" é exemplo disso. Para algo acontecer, alguém teve de pensar, de planear e de se organizar.

E enquanto a palavra "ajuda" continuar a existir entre o homem e a mulher, nunca se conseguirá viver em equilíbrio.

Até o dia em que tudo falha e que deixamos de aguentar e entramos num burnout.

Estejamos atentas, ouçamos o nosso corpo porque se falharmos, tudo falha.





4 comentários:

  1. Acho que pela 1ª vez comento este blog.
    Mas é tão, tão isso a minha realidade e a realidade de a maioria das mulheres mães.
    E apesar de ja estarem crescidos (21,20 e 13 anos)...a carga continua.

    ResponderEliminar
  2. 👌👌👌 A cereja no topo do bolo. Descrição mais bem conseguida que li nos últimos tempos. MTOS PARABÉNS PELA FORÇA DA NATUREZA QUE É E QUE ALIMENTA. UM BEIJINHO, FL

    ResponderEliminar