5 Meses nossos que começam a chegar ao fim

27.11.19
Cinco meses e eu ainda não tomei consciência do quanto já cresceu. Embora seja uma bebé já não a sinto como "só" minha, aos poucos começa a ser de todos nós.

As gargalhas chegaram, a atenção ao mundo também e embora ainda dependa de mim a 100%, já estamos em contagem decrescente para as sopas e papas.

Sento-me no chão, olho para ela, e pergunto como é que tudo passou tão rápido sem eu ter dado por isso?

Com consciência que este primeiro ano é efémero mas ainda sem acreditar como o tempo me está  a fugir dos dedos.

Saudades de a ter só para mim e das nossas manhãs até nos cansarmos de estarmos grudadas uma na outra. Que bom que foi tê-la só para mim!

Hoje deixo oficialmente a minha licença de maternidade e embora não tenha já a coragem de a deixar, começo a mentalizar-me para isso.

É aqui que as teorias deixam de ter qualquer fundamento e a prática assume o comando. Não é fácil deixa-los, eles não estão preparados e nós muito menos.

Ainda vivemos uns nos outros e somos obrigados a larga-los porque o nosso país assim o exige. Eles deixam de ter a nossa referência como exclusiva deles e nós ficamos "pobres" quando deixamos para trás alguém que se tornou desde então a nossa vida.

Custa, custa e custa muito! Não são caprichos de não querer trabalhar ou de não querer fazer nada é um amor a elevar-se.

Emocionalmente é bom para nós estar com eles no primeiro ano mas é ainda melhor para eles.

Triste e revoltante é sentir que não há apoios ou um estado preocupado com o bem estar dos nossos filhos. Existem países que a licença é de dois anos e no nosso é de quatro meses para se ganhar a 100%. É aqui que as coisas tem de se reformular, não se pode só pedir que se aumente a natalidade quando nãs existem condições para isso.

Não é uma questão de gostar ou não, devia ser um direito humano e da sociedade! Se hoje existem crianças mais problemáticas a precisar de apoio psicológico, muito se deve à forma como agimos com os nossos filhos desde os primeiros meses.
"Obrigamos" os nossos bebés a crescerem sozinhos e a passarem grande parte do dia sem a sua maior identidade.
A vida é veloz e o lado profissional não perdoa.

É preciso voltar ao activo para que consigamos sustentar uma casa que nos tempos de hoje é duro e que nos faz abdicar dos maiores valores em prol de comida na mesa.

São cinco meses agri-doces, em que ao pouco deixamos de ser uma só para que cada uma assuma o seu papel nesta nossa família.

Mas apesar de tudo e por ter alguma flexibilidade irei voltar ao activo assim que ela completar os seis meses e aí sim vai custar até lá vou ganhando coragem.











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