Cuidadores Informais

22.11.18
Não sou cuidadora informal mas de certa forma consigo meter-me no lugar das mães, irmãs ou pais que o são.

Tratar e cuidar tem de ser uma opção, e não é pelo facto de não queremos institucionalizarmos que temos de ser penalizados pelo estado. A democracia é isto mesmo, é ter direito a escolher, sem quaisquer penalizações pela opção tomada.

Quem cuida não pode não ter dinheiro para sobreviver, não pode não ter carreira contributiva, não pode não ter período de descanso só porque decidiu optar por cuidar.

É urgente regulamentar o cuidador informal!

Felizmente não tive de dedicar-me a 100% ao T mas podia ter tido essa necessidade, contudo foi preciso fazer alterações a nível profissional. Atualmente trabalho, mas na empresa do meu pai, pois caso contrário não o conseguia fazer porque é preciso acompanhar nas terapias e isso a médio/longo prazo torna-se incompatível com um trabalho das 9h às 18h.

Também eu sofri as mudanças financeiras que essa decisão implicou.

Este é um assunto delicado, de grande complexidade e triste por isso não é falado, esconde-se no nosso tapete de casa mas é importante levar este assunto mais além.

Existem 800.000 cuidadores informais em Portugal a sofrer em casa por não terem dinheiro para darem ainda mais a quem cuidam, sem perspectivas de futuro e sem horas de descanso, onde trabalham 24 horas sob 24 horas por uma força maior.

E onde está o nosso estado? Será que ninguém vê que isso é desumano? Vai contra todos os diretos humanos!

Será que o estado não percebe que estes 800.000 cuidadores dão fortunas ao estado todos os anos? Pois são estas pessoas que retiram dos hospitais e das instituições as crianças e pessoas com limitações que lhes faz pouparem  milhões para os seus luxos??

É preciso que haja justiça social! É uma questão social e que merece ser levada mais além.

Não existe formação gratuita para os cuidadores aprenderem mais sobre as várias patologias de quem cuidam, o que é simplesmente vergonhoso.

É um facto que o AMOR vence tudo, é o motor familiar e da humanidade mas o amor não mete dinheiro na mesa!
Sem dinheiro não se consegue cuidar bem.

Apenas um ordenado (quando existe) é um desgaste financeiro que vai mais além que o amor. Ter a noção que não se consegue dar mais porque não há mais dinheiro que chegue é um desgaste psicológico que pode causar danos incalculáveis.

Se sujeitarmos o nosso filho a fazer apenas o que o estado dá, nunca veremos nenhuma melhoria! Pois uma única terapia por semana não faz nada! Nem tão pouco minimiza o "problema".
Temos de ser nós, de forma particular, sem ajudas investir em terapias para que consigamos ver essas melhorias que tantas vezes nos dizem que não "há nada a fazer".

Existem crianças a receber 108€ por mês, quando na verdade se tivessem institucionalizadas gastariam ao estado 10.000€ mês. É assustador pensar nestes valores!



Mas é a realidade!

O futuro dos nossos filhos depende de nós e o estado nada faz por isso.

Há crianças no Hopital D. Estefânia internadas aos anos porque os custos são tantos que as famílias não conseguem suportar.

Não está em causa o amor mas sim dinheiro pois existem famílias que não conseguem garantir o básico para a sobrevivência dos seus filhos.

Será que o estado não vê isto? Não vê que são estes 800.000 cuidadores que enriquecem os bolsos do nosso estado?!?

Aqui não é preciso ser-se bom em economia e sociologia para se perceber que são as famílias que sabem melhor cuidar e fazer os melhores recursos.

Por isso pergunto do que estão à espera para reconhecer o cuidador informal? E para lhes dar todos os benefícios a que têm direito?

É preciso olhar e não ser cego, não fingir que este problema não existe pois as pessoas vão-se desgastando porque o tempo não volta atrás.

É urgente haver um estatuto para proteger os cuidadores no presente e no futuro.

É preciso gritar ao mundo o que se passa no nosso país:
  • Pessoas deficientes em casa a serem cuidadores informais também de outras pessoas com deficiência.
  • Mães que não saem de casa, nem para ir despejar o lixo.
  • Mães que não tem direito de ficarem doentes pois não existe apoio domiciliário para crianças
  • Pessoas que perdem a casa por não conseguirem suportar todas as despesas
É preciso mais??

As crianças, jovens e adultos com deficiência querem inclusão e estarem no conforto das suas casas e não em instituições a pintarem canecas e a fazerem tapetes de Arraiolos.
São pessoas capazes, que merecem ser tratadas com respeito, dignidade e que merecem que acreditemos nelas. 

Nas sombras, dentro das casas, existem vidas suspensas e todos somos responsáveis.

Por todos assinem a petição da regulamentação aos cuidadores informais.

Parabéns ao programa Prós e Contras por ter lavado este assunto à Televisão.






4 comentários:

  1. Feito querida Andreia. Obrigada por falares de coisas importantes Beijinhos

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    1. Obrigada! É tão importante darmos voz a estas situações. Grande beijinho

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  2. Olá, fui eu que estive no prós e contras a falar da inclusão da pessoa com deficiência. Sou eu que ajudo quer o Fernando Zé, quer o Carlos , quer muitas outras pessoas. Esta petição acima, não resolve os problemas relacionados com a deficiência. Nem nos protege nesta falta de apoio económico pois pede que sejam pagas as reformas dos idosos aos cuidadores de demência pós-morte. Talvez fosse melhor divulgar outra petição que está on-line e que pede precisamente para que sejam aumentados os valores da assistência a 3ª pessoa e complemento por dependência, no que respeita à deficiência. http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT89732

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  3. Obrigada pela informação. Um grande beijinho para si

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