Gerir a ausência

25.8.20
Ter um filho internado é duro mas se juntarmos à equação mais dois filhos que se vêm de um dia para o outro desamparados pela ausência da mãe, mais cruel se torna.

Felizmente tenho o meu marido 100% disponível, pais, irmão e amigos que se disponibilizaram para ajudar no que fosse preciso.

Mas a realidade é que eles precisam da mãe, a Constança ainda tão pequenina, que ainda mama, ficou de um momento para o outro sem a sua maior referência, sem o meu cheiro, colo e a mama. E como é que se explica a um bebé tão pequenino a ausência da mãe? 

Enquanto o Tomás estava nos cuidados intensivos, não era permitido que eu ficasse durante a noite. E se por um lado me custava deixar o meu filho sozinho, por outro era a forma perfeita que eu tinha para lhe puder dar a mama durante a noite e estar com os meus outros filhos.

Nessa altura o Tomás estava muito sedado para perceber a minha ausência, o que me acalmava o coração. Saía já a noite estava cerrada e chegava nas primeiras horas de manhã. Pouco dava pela minha falta.

Mas quando se é mãe de vários filhos, não se consegue tudo, temos de ir doseando e equilibrando a nossa presença consoante as suas necessidades.

Actualmente já durmo no hospital com o Tomás e todas as noites o meu marido traz-me a Constança para que eu lhe consiga dar mama e muitos beijinhos carregados de açúcar. São minutos em que respiro e que ganho força para mais uma noite de hospital.

O Francisquinho já dimensiona o que se passa de outra forma, e embora esteja rodeado de pessoas, falto-lhe eu, e nota-se que anda perdido e cheio de saudades.

Quando ainda ia a casa, ele ficava à minha espera até que acabava por adormecer no sofá, mas assim que me via ganhava vida e agarrava-se a mim com medo que me voltasse a ir embora. Dormimos essas três noites sempre agarrados e que bom que foi.

Entretanto o Tomás mesmo comigo aqui ao lado, acorda várias vezes a pedir para que eu durma com ele. E assim tem sido até ao momento, os dois numa cama de hospital agarrados a uma força intangível. 

Quero muito ver o meu Tomás livre disto tudo, mas também desejo na mesma medida voltar a ter os meus três filhos juntos de mim. Estar longe deles têm sido para mim muito desgastante emocionalmente pois estão numa idade ainda muito delicada. E sentir que lhes falto é uma dor muito grande.

É quase como se abdicasse de uns filhos em prol de outro. Mas independentemente da falta que lhes possa fazer o meu lugar é aqui, junto ao Tomás, disso não tenho dúvidas.

É difícil gerir as saudades e ainda mais difícil explicar aos meus filhos que não se podem ver. O FM e o T têm uma relação muito cúmplice, são inseparáveis e para eles esta ausência tem sido muito difícil de gerir.

Os tempos estão diferentes e se antigamente as visitas aliviavam a ausência, agora a falta delas torna todo o internamento mais difícil e solitário.

Sinto que esta batalha não é só do Tomás ou minha, é da nossa família porque a dor que sentimos é sentida por todos. Eu sofro juntamente do T mas em casa sofre-se ao longe sempre à espera de notícias.








3 comentários:

  1. Mamã que tudo corra bem o T é um campeão, vai ultrapassar esta situação.beijinho

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  2. Você é feita de luz... existe uma imensidão de anjos a sua volta e da sua família �� O Tomás ficará bom em breve e todos juntos iram celebrar as batalhas da vida.. parabéns Mãe guerreira. Força Tomás

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