A reunião

9.2.22

Depois de uma falha minha e que por incrível que pareça ainda não tenha resolvido dentro de mim.

Verdade! Uma coisa tão simples mas que mexeu tanto comigo e que me desgastou tanto emocionalmente. 

É certo que existem coisas piores e que não sou perfeita mas quando falhamos connosco próprias, tudo ganha outra dimensões...

Mas deixando este episódio menos feliz da minha vida no passado. Hoje consegui finalmente ter a oportunidade de ter uma reunião na escola do Tomás, onde ia expor cara a cara a quem de direito o que se tem passado.

Acredito que na vida tudo acontece por algum motivo, e mesmo que na altura não consigamos, pela tristeza e revolta, as respostas que precisamos chegarão.

E se antes chorei muito com esta minha falha, hoje olhando para trás agradeço por ter acontecido. Não aconteceu porque não tinha de acontecer.

Embora achasse que estava devidamente preparada, não estava. Não tinha sequer vivenciando na primeira pessoa o trabalho do Tomás na escola. 

Foi preciso haver as férias de Natal e a pausa do semestre, para pararmos, olharmos com atenção para os trabalhos e revermos com ele toda a matéria que tinha sido dada até ao momento.

E se já tínhamos algum receio, nessa altura tivemos a certeza que o Tomás precisa de mais apoio em sala.

Não é uma questão de acompanhamento porque este felizmente tem acontecido e ambas as professoras (Tutora e de ensino especial) têm feito um bom trabalho mas é uma questão de recursos humanos.

O Tomás precisa que exista uma pessoa a acompanho-lo, que o ajude a focar-se e o apoie nas suas dificuldades, num trabalho de um para um e por mais boa vontade que exista da professora, o Tomás não é o único aluno, além dele existem mais 19 a pedir a sua atenção. 

O problema é do sistema, que se diz inclusivo e que não é!

É bonito ter um decreto-lei 54/2018 para se mostrar que a Educação é inclusiva, quando na prática isso não acontece!

Este problema não é meu mas de uma sociedade retrógrada que chama inclusão a isto!

Na reunião senti-me como se tivesse no banco do "réu" no meio de tantos juízes que nada sabiam sobre o meu filho.

É isso o que é a EMAEI - Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva. E o engraçado é que esta equipa é simplesmente burocrática, não conhecem a criança e não estão no terreno para a ver. Pois bem na minha humilde opinião o que para mim é uma equipa multidisciplinar, é uma equipa que intervém directamente com a criança nas diferentes valências.

Os pais são chamados porque têm de ser, mas a equipa que trabalha com a criança fica de fora, porque não interessa. Na realidade o que mais interessa é a teoria, a prática é para se meter "debaixo do tapete".

Fui documentada e com os meus objetivos muito bem delineados, sabia bem o que queria. Não estava ali para ganhar, mas para o Tomás ter os seus direitos, é isto que quero!

Mostrei factos, agradeci o trabalho que tem sido feito mas pedi mais, não está tudo a ser feito, é preciso intervir. 

Ouvi que sou ansiosa e que até causo uma certa pressão ao meu filho, quando não é isso que acontece.

Eu acredito apenas nas suas capacidades, mas preciso que todas as pessoas também acreditem e como lhe disse enquanto houver alguém a fazer é porque é possível por isso não desistirei! A trissomia não define ninguém.

Dizem que a culpa é do Ministério da Educação, pois bem então eu vou lá! E alguém vai ter de me receber.

Desculparam-se que o Tomás é das crianças com mais apoio na escola, e eu agradeci por isso mas não é o suficiente. Lamentei naquela sala a desigualdade de oportunidades porque continua a ser revoltante perceber que o dinheiro é que dita o futuro da criança.

É inadmissível ter crianças autistas em casa, porque a escola não tem os apoios para dar resposta a essas mesmas crianças, como me disseram em forma de "desculpa", pois bem,  lamento muito! E lamentarei sempre.

Nunca precisei do estado, e dou graças a Deus por isso, mas e quem não pode? Como é que ficamos?

Ficamos nas medidas inexistentes escritas em decretos de lei?

Saí da reunião com o sentimento de missão cumprida porque lutei e fiz valer os direitos do Tomás. Defendi-lhe os seus interesses mas na realidade vim de lá sem nada.

Nada será feito! Porque a culpa é do Ministério da Educação... quando na verdade pode ser, mas também a escola não deixa os pais ajudarem nos recursos humanos que têm.

Eu não peço que invistam no meu filho, eu continuo apenas a pedir para deixem-me dar à escola o recurso humano que é preciso para o seu sucesso escolar.

Disseram-me que o Tomás é incrível, que é uma criança cheia de potencial e é verdade mas não posso deitar tudo a perder porque as teorias prevalecem na prática.

Sabem que mais, foi uma palhaçada esta reunião porque debateu-se o "sexo dos anjos".

Enfim!

É a Educação que temos no nosso país!

Se virem uma mãe em frente ao Ministério da Educação, olhem, porque posso ser eu! 

A mãe "maluquinha", apelidada de ansiosa.






8 comentários:

  1. Boa noite! Quando for diga que eu também vou! Estou nessa luta com a minha Sofia!

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  2. Força minha querida!!! A Andreia não é de todo uma mãe ansiosa... É uma MÃE com M maiúsculo, que luta contra um sistema injusto, e que se inclusivo tem muito pouco.
    Um beijinho

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  3. Não desista Andreia. A minha mãe não desistiu e hoje agradeço lhe por isso pois quando há 30anos atrás lhe disseram que por eu ter dislexia não faria mais que o 4ano ela foi atrás de apoios especializados e soluções. Hoje em dia até curso superior tenho. Viva as mães guerreiras

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  4. Resumindo não deixam entrar um recurso exterior e dizem q é o ME q não deixa??

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  5. Olhe...se é apelidada de mãe maluquinha deve orgulhar se muito disso....é mãe e vai até ao fim do mundo pelos seus filhos, tenta semprw o impossível. Apoio a Andreia e a sua família nesta causa. Beijinhos 😘❤

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