O Tomás mudou de escola

29.9.22

O Tomás mudou de escola, e foi talvez das decisões mais difíceis que tive de tomar.

E sim... dei-me por vencida!

Ao longo do último ano fui-me apercebendo que isto não é uma luta só minha, mas de tantas famílias. Percebi também, que antes de mim, já houve quem tivesse lutado. E que isto não é uma luta "contra" uma pessoa mas sim contra um sistema inteiro.

E foi no dia em que fui à DGEstE, com a esperança, que alguém me ajudasse, ouvi o que jamais pensaria ouvir.

"Mude de escola"

Mas como assim?!?

E naquele dia, baixei os braços, fechei a porta! Percebi que não havia nenhuma identidade que defendesse os interesses do meu filho e nem tão pouco queriam saber.

Há lutas que não merecem a pena e esta é uma delas, porque desgasta e leva-nos ao limite e sem resultados favoráveis. E se há coisa que a vida me ensinou, é que devemos gastar a nossa energia em coisas que valham a pena.

Talvez um dia, exista um pai ou mãe com um filho com necessidades especiais no ministério, que nos entenda e nos ouça, até lá a palavra inclusão será usada de forma leviana na educação deste país.

E agora pergunto,

Onde é que está a inclusão apregoada pelo o ministério da Educação?

Onde está o decreto de lei que deixa de aconselhar e passa a obrigar?

Onde estão os direitos das criança?

Onde está a equipa multidisciplinar que tanto dizem que é fundamental nas crianças com Necessidades especiais?

Onde está? Não está!


E é aqui que nos sentimos impotentes e engolidas por um sistema que é tudo menos inclusivo.

Foi o meu filho, que estava feliz na sua escola, que tinha os seus amigos, que se viu obrigado a mudar a meio de um ciclo,  por um futuro melhor.

A decisão foi tão difícil, que mesmo depois de ter sido aceite na sua nova escola, demorei a aceitar esta mudança. Precisei de tempo, para perceber que à lutas que não valem o nosso esforço, mas acima de tudo precisei que o meu filho me dissese "que estava tudo bem" e que estava pronto para deixar o que tinha e abraçar o caminho que a vida tinha pensado para ele.

Não foi fácil, ele gostava verdadeiramente daquela escola, sentia-o mesmo feliz. E quando assim é, tudo custa mais. 

Mas a sua forma de ser ao mesmo tempo tranquilizava-me pois se existe criança com uma grande capacidade de fazer amigos é ele. Ele cativa no coração!

No entanto esta mudança não foi tomada de um dia para o outro, foi uma ideia muito madurada, com muitas reuniões à mistura e com uma grande equipa que nos mostrou que este seria o melhor caminho. 

E no dia que me disseram, que o Tomás tinha sido aceite, chorei de medo! 

No entanto o seu lado emocional era imprescindível para a sua saída, e se o visse a vacilar eu recuava na hora. 

Dei-lhe tempo, e dei tempo a nós e à sua nova escola. Uma adaptação é sempre uma adaptação.

Mas aos poucos foi-me mostrando que estava bem, começou a fazer amigos novos e eu comecei a ver o seu sorriso de volta quando o ia buscar.

E em momento algum, pediu-me para voltar para a escola antiga.

E depois de tantos meses, hoje torno oficial que o Tomás deixou o ensino público e começou no privado. 

É triste! Mas em pleno século XXI, ainda se paga a Educação neste país. 

Algo que devia ser algo transversal a todas as crianças, dando igualdade de oportunidade a todos. 

Uma vez mais abdiquei de muitas coisas para conseguir dar a melhor educação para o meu filho, para que ele tenha um futuro promissor, tal como lhe prometi naquele bloco de partos. 

Mas eu consigo abdicar de algo em prol de outra, mas há quem não consiga abdicar de nada e isto torna-nos a todos pobres.

O Tomás está num colégio, desde o dia 9 de Setembro, com uma equipa multidisciplinar incrível e que acredita no seu potencial, e as terapeutas finalmente conseguem trabalhar em paralelo com a escola, algo que tanto lutei no ano lectivo anterior.

Continua feliz e eu quero acreditar que esta foi a decisão mais acertada.










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